OS FILHOS QUE PERDEMOS NO QUARTO
(Por Daniela Arbex)
Assisti uma
interessante palestra da pedagoga Heloísa Pires, filha do saudoso jornalista,
escritor e filósofo Herculano Pires. Com especialização no atendimento de
crianças com deficiência, Heloísa é uma profunda conhecedora da infância e
adolescência. Em um determinado momento da sua fala, ela abordou um dos grandes
dilemas da atualidade: a situação das famílias cujos filhos estão perdidos em
seu próprio quarto. Me identifiquei na hora com a expressão usada por ela,
porque reflete a trágica realidade que a minha geração tem enfrentado diante da
concorrência dos videogames e do encantamento provocado pelos chamados
youtubers. Se deixarmos, nossos pequenos passam horas e horas entretidos em
mundos virtuais, como o Minecraft, jogo eletrônico que permite a construção de
qualquer cenário através de blocos. O fato é que não sabemos lidar com o
fascínio que a tecnologia exerce nas crianças e com a idolatria delas em torno
de jovens que se tornaram famosos embora sem nenhum conteúdo. O mérito deles é
conseguir falar o digitalês, a linguagem da internet, transformando-se em
ídolos para milhões de brasileirinhos.
Muitos desses
youtubers famosos incentivam o consumo, o desperdício e o pouco apreço pelo
outro. Felipe Neto, por exemplo, com mais de 20 milhões de inscritos em seu
canal, disse em um vídeo recente no qual aparece jogando, que iria “comer o seu
pai, transformar seu pai em gay, fazer ele se apaixonar e depois dispensar
ele”. Não satisfeito, continuou seu festival de delírios. “Vou fazer ele entrar
em depressão e se matar, seu merda”. É isso que os adolescentes têm ouvido de
pessoas que estão enriquecendo diante de uma audiência acrítica.
Lá em casa, videogame
e youtube só podem ser vistos nos finais de semana. Mas reconheço que esse
pequeno limite não é suficiente. Meu filho, que só tem 7 anos, acompanha o
Lucas Neto, irmão do Felipe. O Lucas tem outro discurso, é mais trapalhão e
pretensamente inocente, porém não ensina nada que tenha valor e, ainda assim,
domina a cena. Consegue vender todos os produtos da sua marca, inclusive uma
coxinha recheada com nutela que é comercializada no quiosque de um shopping no
Rio. Dia desses, um motorista que me levou para o aeroporto Galeão contou suas
peripécias para viajar com a filha de 5 anos ao Rio por causa da tal coxinha.
Fiquei impressionada com o esforço daquele pai que, para agradar sua menina, se
deslocou até a Barra da Tijuca em busca daquele produto.
A verdade é que nós,
pais, temos culpa no cartório. Permitimos que nossos meninos e meninas se
percam no quarto, porque, diante das telas, eles nos dão “folga”. O
conveniente, no entanto, pode nos custar caro. E não estou falando em dinheiro,
não. A tecnologia não supre a sede de amor. Abandonar o filho na segurança de
casa nos fará pagar um alto preço. Sem limite, referência e convivência, eles
não se tornarão pessoas felizes, solidárias e preparadas para enfrentar o mundo
real.
A conta do nosso
comodismo chegará no dia em que olharmos para nossos filhos e nos sentirmos
incapazes de reconhecê-los.
(Daniela Arbex)
A Bíblia diz: "Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre os teus rebanhos." (Prov. 27.23). Suas ovelhas são seus filhos e sua família. Cuide deles! Não permita que se percam dentro de sua própria casa.
Quando li este artigo, achei-o de suma importância. Acredito que todos os pais deveriam lê-lo e refletir sobre isso. Ajude-me a espalhar essa reflexão. Compartilhe!
Obrigada.
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