Não é difícil perceber porque muitos do povo de Cristo hoje são
crentes solitários no meio da multidão reunida na igreja. Eles se alegram
quando o templo está repleto de pessoas, mas ficam perturbados se percebem que
nada existe na igreja, exceto uma multidão barulhenta. Estão propensos a
questionar, com admiração, se, afinal de contas, cem adoradores ou mesmo vinte
e cinco não é preferível a uma multidão irreverente. Isto não deve ser
confundido com uma mentalidade de pequeno rebanho. Não aplaudimos a teoria de
que as igrejas devem sempre ser pequenas. Pelo contrário, em nossa opinião elas
devem ser grandes. Pensamos que igrejas com mil membros não são grandes demais.
Desejamos que nosso país se encha desse tipo de igrejas.
No entanto, ter muitos membros apenas por amor a números em geral é
uma traição a Cristo. A liderança abaixa os padrões de santidade para
atrair grande número de pessoas. Em um ponto crítico desse processo de
diluição, a adoração deixa completamente de ser reconhecida como adoração por
aqueles que andam em intimidade com Deus. O número de membros talvez aumente,
mas o crente espiritual e solitário, que testemunha esse declínio, receia que o
Espírito Santo esteja sendo abafado e Se retraindo. “Icabode” (Foi-se a glória de Israel) é o
verdadeiro nome de tal igreja. É quase impossível acharmos comunhão espiritual.
Os poucos crentes realmente santos que restam isolam-se e mantêm-se solitários.
Nenhuma solidão é tão difícil de ser suportada quanto a solidão
experimentada em meio a multidões. Quantos crentes percebem essa situação em
suas próprias igrejas! São os últimos a falarem sobre isso, porque são pessoas
pacientes, dedicadas a oração e longânimes. Não é bom para seus pastores e
líderes permitirem que situações como esta permaneçam em suas igrejas. Ao
diluírem a adoração, atraíram à igreja multidões inconstantes, e entristeceram
o coração dos justos.
Existem prejuízos visíveis resultantes desse tipo de mudança sobre a
qual falamos. Um deles é o tratamento cruel demonstrado ocasionalmente à
ovelhas fiéis que se recusam a mudar. Devido ao fato de que eles não podem, em
boa consciência, seguir a debanda geral para abrilhantar a adoração a Deus,
bons ministros do evangelho têm de abandonar suas igrejas. Não se leva em conta
que eles passaram vinte ou trinta anos expondo com fidelidade e devoção a
Palavra de Deus aos seus rebanhos. E qual é o seu crime? É resistirem ao clamor
universal por inovações. Portanto, esses homens bons têm de ceder lugar ao menu
de aprimoramentos que pastores jovens e líderes fracos insistem em oferecer à
igreja.
Outro fruto menos agourento desse novo estilo de vida da igreja é o
surgimento, em nossa época, da rejeição da lei de Deus na vida prática. Alguém
pode evitar referir-se a isso em detalhes; mas o fato evidente é que os novos
membros de igreja têm se revelado menos felizes em resistir à tentação do que
os crentes antigos costumavam ser. Sem dúvida houve excesso de severidade na
adoração praticada por igrejas do passado. Mas os crentes sentiam-se seguros.
Eles não brincavam com a tentação. Não apelavam à carne. As pessoas vinham à
casa de Deus com roupas estritamente adequadas e decoro completo. Infelizmente,
isso não pode ser dito sobre muitos dos cultos modernos. Uma grande multidão
diversificada na casa de Deus abaixa todo o nível da adoração. Todo pastor sabe
que existem prejuízos morais resultantes dessa falta de santidade prática. Não
deveria ser assim.
É uma consolação para as ovelhas de Cristo ‘não pastoreadas’ saberem
que nos céus elas têm um Pastor que contempla seu estado. Precisam recordar sua
verdadeira posição, retratada pelo Pastor em passagens bíblicas como Ezequiel
34. Estão solitárias por causa da incompetência e inaptidão de seus líderes. Os
outros crentes não as amam nem desejam sua companhia, porque são ‘muito
espirituais’ para sua geração. Mas um dia Cristo exigirá de seus pastores negligentes
uma explicação para essa negligência. Além disso, o próprio Senhor Jesus tomará
para Si mesmo Seu povo solitário e desprezado, outorgando-lhes sua graciosa
presença, nesta e na vida por vir.
Os crentes solitários de nossos dias devem meditar nessas palavras
maravilhosas:
“Estou contra os
pastores e deles demandarei as minhas ovelhas. Eis que Eu mesmo procurarei as
minhas ovelhas e as buscarei; livrá-las-ei de todos os lugares para onde foram
espalhadas no dia de nuvens e de escuridão; apascentá-las-ei de bons pastos, e
nos altos montes de Israel será a sua pastagem. Eis que julgarei entre ovelhas
e ovelhas, entre carneiros e bodes. Eu, o Senhor, lhes serei por Deus, e o meu
servo Davi [Cristo] será príncipe no meio delas; eu, o Senhor, o disse.” (Ez. 34.10,11,12,14,17 e 24)
Com tais promessas, quem não desejaria estar sozinho com Cristo por
breve tempo nesse mundo?
Pense nisso!
(EXTRAÍDO)
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