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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Pensar antes de reagir


“Pensar antes de reagir é uma das ferramentas mais nobres de quem decifra os mais altos níveis do código da autocrítica. Nos primeiros trinta segundos da tensão, cometemos os maiores erros de nossa vida, falamos palavras e temos gestos diante das pessoas que amamos que jamais deveríamos expressar.
Nesse rápido intervalo de tempo, somos controlados pelas zonas de conflitos que bloqueiam impedindo o acesso de informações que nos subsidiariam a serenidade, a coerência intelectual, o raciocínio crítico.
Um intelectual pode dar uma conferência brilhante e responder a todas as perguntas da plateia com maestria, mas quando um colega de trabalho faz uma pergunta que o contraria, pode perder a serenidade da resposta. Reagir sem elegância.
Um médico pode ser muito paciente com as queixas de seus pacientes, mas muitíssimo impaciente com as reclamações de seus filhos. Pensa antes de reagir diante de estranhos, mas não diante de quem ama. Não sabe fazer a oração dos sábios nos focos de tensão, o silêncio. Só o silêncio preserva a sabedoria quando somos ameaçados, criticados, injustiçados.
Se vivermos debaixo da ditadura da resposta, da necessidade compulsiva de reagir quando pressionados, cometeremos erros, alguns muito graves. Vivemos em uma sociedade barulhenta, que frequentemente detesta o silêncio. Cada vez mais percebo que as pessoas estão perdendo o prazer de silenciar, se interiorizar, refletir, meditar.
O dito popular de contar até dez antes de reagir é imaturo, não funciona. O que estou propondo é o silêncio filosófico. O silêncio não é se aguentar para não explodir, o silêncio é o respeito pela própria inteligência. É o respeito pela própria liberdade, a liberdade de se obrigar a responder em situações estressantes. Quem faz a oração dos sábios não é escravo do binômio do bateu-levou.
Quem bate no peito e diz que não leva desaforo para casa, não decifrou o código de pensar nas consequências de seus atos. Quem se orgulha que vomita para fora tudo o que pensa, machuca quem mais deveria ser amado. Não decifrou a linguagem do autocontrole.
Não existem relações perfeitas. Não existem almas gêmeas, que tenham os mesmos gostos, pensamentos e opiniões iguais o tempo todo, a não ser no cinema. Decepções fazem parte do cardápio das melhores relações. Nesse cardápio, precisamos do tempero do silêncio para preparar o molho da tolerância.
Para conviver com máquinas, não precisamos do silêncio nem da tolerância, mas com seres humanos elas são fundamentais. Ambas são frutos nobres do código da autocrítica, do código da capacidade de pensar antes de reagir. Preservam a saúde psíquica, a consciência, a tranquilidade.
O silêncio e a tolerância são o vinho dos fortes, a reação impulsiva é a embriaguez dos fracos. O silêncio e a tolerância são as armas de quem pensa, a reação instintiva é a arma de quem não pensa. É muito melhor ser lento no pensar do que rápido em machucar.
É preferível conviver com uma pessoa simples, sem cultura acadêmica, mas tolerante, do que com um ser humano de ilibada cultura saturada de radicalismo, egocentrismo, estrelismo. Sabedoria e autocrítica não se aprende nos bancos de uma escola, mas no traçado da existência.”
(Augusto Cury, “O código da inteligência e a excelência emocional”, páginas 116 e 117).

Pense nisso!