Ao
direcionar um olhar para a história da transmissão familiar, a igreja, junto
com a escola, era a parceira fiel da família na formação dos valores morais,
éticos e espirituais, de conduta e na construção do homem. O conceito de Deus,
Soberano, Poderoso e Pai que protege, era transmitido desde cedo, e
consolidado nos rituais religiosos.
No cenário
atual, em nosso mundo globalizado, tecnológico, encantador e sedutor, um novo deus,
com d minúsculo, está assumindo esse
poder na pós-modernidade: o deus mercado. Esta é uma constatação de muitos estudiosos
preocupados com as questões sociais. A triste constatação é que cultua-se muito
mais esse ídolo do que o Deus Jeová, visto que ele vem definindo regras de
conduta, normas comportamentais, estilos de vida individual e familiar.
Tudo se
apresenta com um sentido utilitário, monetário e material. A igreja, como
instituição, muitas vezes, entra na relação de oferta e consumo. As pessoas não
estabelecem mais vínculos fraternos e religiosos com a comunidade religiosa,
mas transitam na busca em atender suas demandas monetárias, além da relação
entre oferta e consumo.
Há igrejas
para todos os gostos: “Se não gostei desta aqui, se me aborreci com o ensino,
vou procurar outra, e outra, e outra...” A busca é: o que se oferta, onde se
oferta e o que estou precisando no momento. Não importa onde, nem depende de vínculos.
Como as necessidades materiais estão acima das espirituais, a busca é pelas
bençãos utilitárias.
Dificilmente
encontra-se alguém divulgando campanhas de oração pelo crescimento espiritual,
pela melhoria do relacionamento com Deus ou pela busca de dons espirituais
etc.; mas encontramos muitos buscando intensamente as bençãos materiais. Este é
o cenário favorável para uma vida espiritual vazia e superficial, que abre um
campo imenso para as distorções do real significado da vida.
O elemento
integrador que forma vínculos e solidifica o indivíduo se perde neste contexto.
O que resta é a angústia, e a dor da alma. E quando há sofrimento, o indivíduo volta-se
para Deus na busca do consolo. Onde há um oferta de mensagem consoladora, ali
está a procura. O consolo é importante, pois, em um mundo de angústia, vem como
bálsamo que suaviza a dor; já o consolo dissociado, não forma conduta, não organiza
o mundo interior, não estrutura a construção e não dá concretude a obra. A palavra
falada vira mercadoria para atender a um consumo e perde-se a relação entre o indivíduo
e Deus. Neste cenário de inversão de valores, não há mais limites nessa busca.
Além da
escola, a igreja, como parceira da família, contribuía para a formação do caráter.
Os valores cristãos eram ensinados desde cedo, transmitidos e ensinados com a
demarcação dos limites. Desde cedo, a criança aprendia com a igreja, através do
compromisso dos pais na transmissão da espiritualidade dentro da família. A convivência
na igreja fortalecia os valores cristãos. A programação religiosa era
valorizada e fazia parte da cultura da família.
Quando
olhamos para as páginas do Velho Testamento, vemos um Deus de família: “Eu
sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Êx.
3.6 ARC). Um Deus geracional, que se transmitia de pai para filho. Qual seria a
imagem de Deus, transmitida para os filhos, se ouvissem esta linguagem hoje: “Eu
sou o Deus de teus pais”?
Hoje,
muitos pais estão muito mais preocupados com os valores materiais do que com os
espirituais. Alguns chegam a dizer: “Quando meu filho crescer, decidirá sobre
sua vida espiritual”. Infelizmente, será muito tarde para implantar os valores
formadores que alicerçam uma vida espiritual consistente.
(Extraído do livro “Família,
lugar de refúgio ou campo de batalha?”, de Ilma Luci Gomes Cunha, Editora
Central Gospel)
Pense nisso!
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