Obrigada.

terça-feira, 12 de junho de 2018

TRAGÉDIA SILENCIOSA


 
Artigo escrito pelo psiquiatra do Dr. Luis Rojas Marcos.

Há uma tragédia silenciosa se desenvolvendo hoje em nossas casas e diz respeito às nossas joias mais preciosas: os filhos. Eles estão em um estado emocional devastador! Nos últimos 15 anos, as estatísticas são cada vez mais alarmantes sobre o aumento agudo e constante da doença mental da infância, a qual agora está atingindo proporções epidêmicas:
As estatísticas:
• 1 em cada 5 crianças tem problemas de saúde mental;
• Aumento de 43% no TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade);
• Aumento de 37% na depressão entre adolescentes;
• Aumento de 200% na taxa de suicídio em crianças de 10 a 14 anos.
O que está acontecendo? O que estamos fazendo de errado?
As crianças de hoje são estimuladas e superdimensionadas com objetos materiais, mas são privadas dos conceitos básicos de uma infância saudável, tais como: pais emocionalmente disponíveis; limites claramente definidos; responsabilidades; nutrição equilibrada e sono adequado; exercícios, em geral, especialmente ao ar livre; jogos criativos; interação social; espaços para o tédio.
Em contraste, nos últimos anos, as crianças foram preenchidas com: pais digitalmente distraídos, indulgentes e permissivos que deixam que as crianças "governarem", sem quem estabeleça as regras; um sentido de direito, de obter tudo sem merecê-lo ou ser responsável por obtê-lo; sono inadequado e nutrição desequilibrada; estilo de vida sedentário; estimulação demais, armas tecnológicas, gratificação instantânea e ausência de momentos chatos e frustração. O que fazer?
Se quisermos que os filhos sejam indivíduos felizes e saudáveis, temos que acordar e voltar ao básico. Ainda é possível! Muitas famílias vêem melhorias imediatas após semanas de implementar as seguintes recomendações:
• Defina limites e lembre-se de que você é o capitão do navio. Seus filhos se sentirão mais seguros sabendo que você está no controle do leme.
• Ofereça às crianças um estilo de vida equilibrado, cheio do que as crianças PRECISAM, não apenas o que QUEREM. Não tenha medo de dizer "não" aos seus filhos se o que eles querem não é o que eles precisam.
• Forneça alimentos nutritivos e limite a comida "lixo".
• Passe pelo menos uma hora por dia ao ar livre fazendo atividades como: ciclismo, caminhadas, pesca, observação de aves / insetos.
• Desfrute o almoço ou jantar familiar diário, sem smartphones ou tecnologia para distraí-lo.
• Jogue jogos de tabuleiro com a família, ou se as crianças são muito jovens para os jogos de tabuleiro, deixe-se guiar pelos seus interesses e permita que sejam eles que mandem no jogo.
• Envolva seus filhos em trabalhos de casa ou tarefas de acordo com sua idade (dobrar a roupa, arrumar brinquedos, dependurar roupas, colocar a mesa, alimentação do cachorro, etc.)
• Implemente uma rotina de sono consistente para garantir que seu filho durma o suficiente. Os horários serão ainda mais importantes para crianças em idade escolar.
• Ensine-os a ter responsabilidades e independência.
• Não os proteja excessivamente contra qualquer frustração ou erro. Errar os ajudará a desenvolver a resiliência e a aprender a superar os desafios da vida.
• Não carregue a mochila dos seus filhos, não lhes leve a tarefa que esqueceram, não descasque as bananas ou descasque as laranjas se puderem fazê-lo por conta própria (4-5 anos). Em vez de dar-lhes o peixe, ensine-os a pescar.
• Ensine-os a esperar e atrase a gratificação.
• Forneça oportunidades para o "tédio", uma vez que o tédio é o momento em que a criatividade desperta. Não se preocupe em manter as crianças sempre entretidas.
• Não use a tecnologia como uma cura para o tédio, ou ofereça-a depois de um primeiro momento de inatividade.
• Não use tecnologia durante as refeições, no carro, em restaurantes, shopping centers, etc. Use esses momentos como oportunidades para socializar e treinar cérebros para saber como funcionar quando no modo: "tédio"
• Ajude-os a criar uma "garrafa de tédio" com idéias de atividade para quando estão entediadas.
• Esteja sempre emocionalmente disponível para se conectar com crianças e ensinar-lhes auto-regulação e habilidades sociais.
• Desligue os TVs, computadores e celulares à noite quando as crianças têm que ir para a cama, para evitar a distração digital.
• Torne-se um regulador ou treinador emocional de seus filhos. Ensine-os a reconhecer e gerenciar suas próprias frustrações e raiva.
• Ensine-os a dizer olá, a se revezar, a compartilhar sem se esgotar de nada, a agradecer, a reconhecer o erro e pedir desculpas (sem forçar), e seja um modelo de todos esses valores.
• Conecte-se emocionalmente: sorria, abrace, beije, faça cócegas, leia, dance, pule, brinque, role ou rasteje com elas.

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(Dr. Luis Rojas Marcos - psiquiatra)




segunda-feira, 11 de junho de 2018

OS FILHOS QUE PERDEMOS NO QUARTO


OS FILHOS QUE PERDEMOS NO QUARTO

(Por Daniela Arbex)

Assisti uma interessante palestra da pedagoga Heloísa Pires, filha do saudoso jornalista, escritor e filósofo Herculano Pires. Com especialização no atendimento de crianças com deficiência, Heloísa é uma profunda conhecedora da infância e adolescência. Em um determinado momento da sua fala, ela abordou um dos grandes dilemas da atualidade: a situação das famílias cujos filhos estão perdidos em seu próprio quarto. Me identifiquei na hora com a expressão usada por ela, porque reflete a trágica realidade que a minha geração tem enfrentado diante da concorrência dos videogames e do encantamento provocado pelos chamados youtubers. Se deixarmos, nossos pequenos passam horas e horas entretidos em mundos virtuais, como o Minecraft, jogo eletrônico que permite a construção de qualquer cenário através de blocos. O fato é que não sabemos lidar com o fascínio que a tecnologia exerce nas crianças e com a idolatria delas em torno de jovens que se tornaram famosos embora sem nenhum conteúdo. O mérito deles é conseguir falar o digitalês, a linguagem da internet, transformando-se em ídolos para milhões de brasileirinhos.
Muitos desses youtubers famosos incentivam o consumo, o desperdício e o pouco apreço pelo outro. Felipe Neto, por exemplo, com mais de 20 milhões de inscritos em seu canal, disse em um vídeo recente no qual aparece jogando, que iria “comer o seu pai, transformar seu pai em gay, fazer ele se apaixonar e depois dispensar ele”. Não satisfeito, continuou seu festival de delírios. “Vou fazer ele entrar em depressão e se matar, seu merda”. É isso que os adolescentes têm ouvido de pessoas que estão enriquecendo diante de uma audiência acrítica.
Lá em casa, videogame e youtube só podem ser vistos nos finais de semana. Mas reconheço que esse pequeno limite não é suficiente. Meu filho, que só tem 7 anos, acompanha o Lucas Neto, irmão do Felipe. O Lucas tem outro discurso, é mais trapalhão e pretensamente inocente, porém não ensina nada que tenha valor e, ainda assim, domina a cena. Consegue vender todos os produtos da sua marca, inclusive uma coxinha recheada com nutela que é comercializada no quiosque de um shopping no Rio. Dia desses, um motorista que me levou para o aeroporto Galeão contou suas peripécias para viajar com a filha de 5 anos ao Rio por causa da tal coxinha. Fiquei impressionada com o esforço daquele pai que, para agradar sua menina, se deslocou até a Barra da Tijuca em busca daquele produto.
A verdade é que nós, pais, temos culpa no cartório. Permitimos que nossos meninos e meninas se percam no quarto, porque, diante das telas, eles nos dão “folga”. O conveniente, no entanto, pode nos custar caro. E não estou falando em dinheiro, não. A tecnologia não supre a sede de amor. Abandonar o filho na segurança de casa nos fará pagar um alto preço. Sem limite, referência e convivência, eles não se tornarão pessoas felizes, solidárias e preparadas para enfrentar o mundo real.
A conta do nosso comodismo chegará no dia em que olharmos para nossos filhos e nos sentirmos incapazes de reconhecê-los.
(Daniela Arbex)

A Bíblia diz: "Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre os teus rebanhos." (Prov. 27.23). Suas ovelhas são seus filhos e sua família. Cuide deles! Não permita que se percam dentro de sua própria casa.
Quando li este artigo, achei-o de suma importância. Acredito que todos os pais deveriam lê-lo e refletir sobre isso. Ajude-me a espalhar essa reflexão. Compartilhe!
Obrigada.