A obediência precisa ser aprendida. Precisamos crescer na
obediência. O primeiro estágio é simplesmente fazer o que foi ordenado, mas
Jesus disse que, se fizermos apenas isso, somos servos inúteis (Lucas 17.10). Somos
obedientes, mas inúteis. Precisamos ir além. Como? Podemos tomar iniciativas
próprias, podemos fazer mais do que aquilo que foi exigido, mas vejamos outro
detalhe sutil: Muitas vezes obedecemos
reclamando.
Precisamos vencer esse mal. Um dos maiores problemas de
Israel no deserto foi a murmuração. Viviam reclamando de tudo, reclamando do
líder, reclamando de Deus. Observe que “murmuração” significa “falar baixo”. A
murmuração é aquele tipo de reclamação às ocultas, aquela queixa que não produz
nada além de disseminar um descontentamento geral.
Qual é a causa da murmuração?
A insatisfação. Esta não pode ser simplesmente proibida ou
ignorada. É como a ira, um sentimento espontâneo que podemos controlar, mas não
anular. Ela existe e persiste. O que fazer então? Precisamos examinar a raiz de
nossa insatisfação. Ela provém de um desejo. Tal desejo é legítimo? É egoísta
ou de interesse do grupo?
Nossa insatisfação pode nascer do egoísmo. Então, nada nos
resta senão obedecer e calar. Nada de murmuração.
A insatisfação pode nascer também de um desejo bom, legítimo
e importante. Então, devemos transformar nossa insatisfação numa contribuição
para o grupo. Devemos levar ao conhecimento do líder a nossa opinião afim de
que todos possam ser beneficiados. Vamos direcionar nossa energia para que o
grupo possa melhorar seus planos e seu trabalho. Um dos motivos da insatisfação
pode até ser um erro do líder (Eclesiastes 10.5).
A murmuração é pecado e pode trazer muitas consequências
ruins. Se o pecado aconteceu, podemos reconhecer e pedir perdão, ou guardá-lo e
sofrer as consequências. Mesmo sendo confessado e perdoado o pecado pode trazer
consequências. Por isso ele é tão maligno (Provérbios 18.19).
Algumas vezes ficamos insatisfeitos por motivos
particulares, mas precisamos lembrar que tudo é feito visando o objetivo do
grupo. Podemos conversar com o líder com todo respeito, expondo nosso parecer,
mas a decisão é do líder. Contudo, lembre-se de que o grupo não gira em torno
de um indivíduo. Nem todas as nossas preferências serão atendidas em todo
tempo. Porém, o nosso pedido pode ser de interesse geral e até favorável ao
alcance do objetivo comum.
Quando um interesse é levado ao conhecimento do líder, ele
pode ouvir e aplicar, ou não aplicar por não ser algo bom, ou não aplicar por
não existirem recursos. Os liderados precisam também compreender as limitações
do líder e do próprio grupo. Os israelitas no deserto estavam exigindo de
Moisés muito mais do que aquilo que ele poderia oferecer. Ao invés de esperarem
a chegada a Canaã, já queriam desfrutar de tudo no meio do caminho.
Deus é líder perfeito e infalível, mas ainda assim Ele nos
ouve e às vezes muda situações (Abraão diante de Sodoma, Moisés ao pé do monte
Sinai, Jesus no Getsêmani). Quanto mais nas relações humanas deve haver esse
diálogo! Nossa posição em relação a Deus nunca vai mudar. Sempre seremos Seus filhos
e Seus servos, submissos a Ele. Nas relações humanas, entretanto, nossas
posições são alternáveis, exceto em algumas sociedades organizadas em castas.
Quem é líder hoje poderá ser liderado amanhã e vice-versa. Por isso, Paulo
disse que devemos nos sujeitar uns aos outros.
(Extraído
da apostila: Autoridade Espiritual – Centro de Treinamento de Líderes – Escola
Ministerial Paz)
Pense nisso!
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